Nesta semana a Mãe Lucilia comandou um desenvolvimento mediunico da gira da segunda e antecipadamente pediu que cada médium levasse um pouco de argila. Na hora certa chamou os caboclos de oxóssi e entregou a cada um as argilas levadas pelos médiuns. Foi um sucesso total, porque todos manipularam o barro com muita habilidade. Vejam o depoimento de uma médium cuja entidade esculpiu um belissimo jacaré.
"a cabocla veio e achou aquilo meio mole.
não sei se não lidava com argila ou se a argila com que lidava não era tão mole, enfim.
e fez lá um jacaré e contou-me o porquê - contei pra mãe Lucília e queria dividir isso com o senhor também.
disse que os curumins desobedientes e afoitos que iam pra mata brincar sozinhos muitas vezes se jogavam no rio sem supervisão.
e que principalmente nesses casos alguns acabavam picados por cobras ou mordidos por jacarés.
por isso, diante dos boatos que eram constantes na tribo, muitos deles tinham medo de jacarés.
mesmo pq eles moravam próximos ao rio, e algumas crianças tinham medo que os jacarés viessem a noite comê-las.
aí eles faziam esse amuleto, que era no formato de um jacaré.
buscando assim proteger as crianças dos pesadelos.
era um jacaré curvo. para dentro.
que tinha o tamanho certo pra ser pego com mão de criança. com os dedos encaixados entre as patas e a barriga do jacaré. e que ficava ao lado do espaço em que a criança dormia ou na mão dela ao adormecer.
mas me contou que ali faltava um tipo de elemento: conchas.
disse que na barriga do jacaré, eles colocavam conchas pq era o mesmo material com o qual eles cobriam a cova dos curumins qdo eles eram mortos por animais.
algo como um sambaqui, que pude visualizar, pq ela não conseguia falar o nome.
(é bastante difícil, pra mim, falar incorporada com ela, a fala é meio enrolada.)
fiquei bastante emocionada com isso.
e com a conversa entre as caboclas que faziam e faziam coisas, uma atrás da outra, em barro, contando sua história.
ela ali, conversando com a cabocla que trabalha com a Ana, e se pintando com barro - coisa que aconteceu com mais algumas médiuns, como pude observar na fila da pia (hehe).
o que nos permitiu perceber, além das diferentes ocupações e personalidades das caboclas, a diferença das pinturas das diferentes tribos."
Agora o depoimento da Mãe Lucilia:
Texto resumido com o que foi escrito
"O barro remete à natureza e, se sentindo parte dela ou no meio dela, foi percebido a simplicidade das coisas da vida e que na verdade não precisamos de muito para viver. Essa ligação com a natureza, com o que é puro, limpo e harmônico traz a cura, a alegria, a firmeza, a paz e nos faz ter certeza de fazermos parte de algo maior que está interligando tudo e todos. A natureza nos protege, nos envolve, nos acolhe, dá alimento para o corpo e para a alma e com isso os caboclos se sentiram mais à vontade para contar sua história e mostrar aos médiuns a importância da natureza enquanto manipulavam o barro.
O barro como elemento de trabalho, passou a sensação de transmutar energias, ajudar em curas e por ter sido o primeiro elemento manipulado pelo homem, até mesmo por questão de higiene para alimentação em tigelas, é o que mais o liga à natureza. É um ótimo elemento, pois pode ser utilizado para qualquer tipo de energia, já que com o auxílio de água ele é facilmente limpo e fica então pronto para ser reutilizado."
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(Afranio)
ResponderExcluira Denise disse q fizeram uma onça pintada q fofinhu!
Pai Fernando, em relação a estes relatos das memórias das entidades. Isso é uma coisa comum acontecer, ou seja, as entidades usarem alguns elementos de sua história de vida pra exemplificar algo que querem passar?
ResponderExcluirGrazi, claro, toda uma vida pode ser contada com belissimos exemplos. Isso é muito comum,tanto que as entidades contam suas histórias. FMG
ResponderExcluirNão fui ao desenvolvimento porque meu sogro está morrendo em um hospital.Mas a vida é isso: uma gira contínua de desenvolvimento espiritual.
ResponderExcluirApesar de não poder comparecer gostaria muito de falar sobre tal iniciativa inspirada: brilhante Mãe Lucília,brilhante. Apesar de distante fiquei pensando que maravilha deve ter sido.
Primeiro mexer com um elemento tão primordial dentre nossos símbolos universais: o barro. Outra forma simbólica é a sua função utilitária das tribos indígenas, dentre tantas outras desde o início da civilização humana. Do barro viemos e pelo barro contamos nossa história através dos milênios.
Mãe Lucília esta deve ter sido uma experiência muito forte como mãe de santo: tentar proporcionar aos filhos de corrente uma experiência que lhes acrescente não só como médiuns ,mas como seres humanos. É o tipo de coisa que você passa, mas que não surte efeito imediato: aos poucos as pessoas vão interiorizando este conhecimento, vão se moldando aos poucos ao novo aprendizado. Os melhores e mais profundos milagres acontecem dentro da alma da gente e acontecem devagar. Quebrar pedras de conhecimentos arraigados, de noções distorcidas pra moldar novos paradigmas é definitivamente uma missão divina, porque é complicada,mas se há amor e dedicação não é impossível.
De qualquer forma gostaria que esse seu texto fosse aplicado as crianças nas aulas que faremos no TPM.
Muita gente sabe que daqui há alguns anos eu gostaria de ser mãe de santo. As vezes fico olhando pra você mãe Lucília e pensando, será que eu consigo, será que eu vou conseguir tratar sempre meus filhos com um sorriso no rosto como ela sempre faz? Será que eu tenho condições de estimular o conhecimento dos filhos de corrente como ela sempre faz? Até chamando a atenção você consegue levar as pessoas a pensarem no que fazem,com amor...
Queria saber o que você sentiu exatamente nesta gira Mãe Lucília...Axé!!!!!!!!
foi incrível!
ResponderExcluiralguns médiuns, ao final, falaram sobre suas experiências. tomara que contem aqui também.
as poucas que ouvi foram muito bacanas.
vou falar mais da minha:
fiquei verdadeiramente tocada pela simplicidade e a giganteza das entidades, ali, mexendo no barro - num gesto que poderia não parecer nada demais e que se transformou num verdadeiro evento!
saí do desenvolvimento saltitanto!
- essa cabocla ligueira ainda me contou que eles acreditavam que as doenças eram como cobras, que entravam nas ocas na penumbra e no silêncio da noite envenenando o corpo e o sangue dos índios. e por isso também ela resolveu fazer uma cobra para uma amiga minha.
e a explicação foi simples: se uma cobra (doença) chegasse quarto de minha amiga à noite, a cobra (amuleto de argila) a comeria, pq era mais poderosa.
imagino que seja o mesmo mecanismo do jacaré. eheh.
saravá todos os nossos caboclos e caboclas!
e que venham novos desenvolvimentos.
bjo!
Para quem estava olhando (e se envolvendo tb) a emocao nao foi diferente...
ResponderExcluirUma arte milenar que a modernidade trouxe nas artes, na psicologia, na terapia ocupacional , na educacao infantil, mas que on índios ja sabiam ha muito, muito tempo.
abracos
Sidney Oliveira
Andrea muito axé pra vcs!
Hum...Espero que essa argila chegue aqui!
ResponderExcluirSaravá mãe Lucília, saudadesssssssss.
Muito legal! Saravá todos os Caboclos e Caboclas de Umbanda: Okê! Saravá mãe Lucilia!
ResponderExcluirIndescritível assimilação com o elemento barro, sincronia direta com as energias da natureza, emocionante!
ResponderExcluirSaravá Umbanda! Saravá Nossa Mãe Lucília!!
Andrea, não é fácil mas vale muito a pena!Dou amaior força, até porque vc continuara os ensinamentos do Pai Maneco, né?rsrsrsrs
ResponderExcluirO mais importante do desenvolvimento foi ver os médiuns conectatos sem pressa com as suas entidades, tendo a vivência deles, os pensamentos deles e podendo ser criativos dentro desta conexão.
Alguém fez fotinho dos seus trabalhos? Postem aqui...
Saravá
Lucilia
Fui a essa gira, pois estou gostando muito de me desenvolver e a cada possibilidade aprender mais e mais.
ResponderExcluirEu gostaria de relatar o foco de trabalhar com cura. De início a palavra cura vinha muita em minha cabeça e achava que eu estava na verdade "influenciando" aos meus pensamentos.
E após as entidades terem feito seus trabalhos, nos reunimos e um relato comum aos mediuns foi o tema cura.
Achei isso muito legal, pois apesar de filho de oxossi nunca parei para pensar e relamente compreender que esses índios gurreiros óbviamente tem um poder de cura grande.
Enfim fui premiado pelo meu pai de cabeça com um objeto para beber chá.
Pessoal, se é que posso dar uma dica é: tentem não perder essas maravilhosas oportunidades de desenvolvimento.
Abraço a todos.
Foi uma experiência muito bacana pena não dispormos de um forno para finalizar as peças que ficaram lindas.
ResponderExcluirPodíamos repetir em outra ocasião.
Axé!
Nossa!! Me surpreendi com o texto!! Achei a idéia da Lu maravilhosa, e com certeza todos devem ter aprendido muito!! Queria muito ter presenciado, mas infelizmente não pude comparecer!
ResponderExcluirSem dúvida, a gira de desenvolvimento é sempre muito boa...
Abraços,
Uca
Saravá Pai Fernando e Mãe Lucilia
ResponderExcluirDo barro viemos para o barro voltaremos. Desta forma, a energia de Nanã Buruquê devia se fazer presente, senhora do pântano, da mistura da água e da terra, que se solidifica com o fogo e que se espalha no ar, aí uma síntese bem bacana da nossa umbanda pés no chão...de barro!
Paulão
Saravá Pai Fernando e Mãe Lucilia
ResponderExcluirDo barrro viemos, para ele voltaremos. Com toda a certeza os caboclos se inspiraram na energia de Nanã Buruque. Senhora dos pântanos, da mistura da terra e da água, que se solidifica com o fogo e se espalha com o vento. Belíssima iniciativa. Saluba Nanã!
O desenvolvimento foi bem legal, o trabalho que o caboclo fez tá aqui guardadinho, quase seco, prontinho para ser usado qdo ele quiser/puder... e ficou bem do jeito que ele disse que queria, um 'coité' grande que parece uma canoa. A explicação dele para ter feito tão grande que eu achei legal pq tinha a ver com minha saúde.
ResponderExcluirVou tirar fotinhos e mando para onde???? :o)
Daí vem duas perguntinhas, hehe
1) Já sabemos do uso do charuto nas giras, etc... mas pq usá-lo também numa gira de desenvolvimento?
2) No desenvolvimento, qdo chamaram as Juremas, eu sentia o caboclo falar que ia embora para a cabocla vir, e daí eu conversei com ele que não... que não tinha sido cantado ponto de subida, então não era para subir. Rodrigo me disse que fui radical, hehe... Mas numa situação semelhante no futuro, o que é melhor?
Muito obrigadinha, beijinhos, Dê
Denise, no futuro vc faça o que fez agora no presente. Vc tem inteira razão quando disse que a entidade não deve subir sem o ponto de subida. FMG
ResponderExcluirMãe Lucilia, mucuiú!
ResponderExcluirLi os comentários sobre a utilização da argila como instrumento de trabalho dos caboclos. Pelo que entendi, a experiência foi ótima. Sinto que o resultado foi mais pelo simbolismo dos elementos retratados nas esculturas e nos trabalhos manuais que a argila propicia, que faziam, e ainda fazem, parte da cultura indígena.
Evidentemente que isto gerou uma energia, provocada pela ação em sí. Mas, quero te lembrar, se não estou enganado, que o seu Caveirinha usa muito a argila para trabalhos de demandas e outros que, penso, são feitos utilizando a energia da própia argila. Vai dai que concordo com o comentário do Paulão sobre a enrgia de Nanã Buruquê,ou Boroquê como queiram. Digo isto, porque na quinta feira dia 2/7 mandaram para o seu Beira-mar um trabalho que tinha argila, e eu senti que havia energia de Nanã e achei muito interessante, caboclo de Ogum usar este tipo de energia. Foi muito legal! Espero, depois desta tua iniciativa, ver os caboclos de Oxóssi fazendo a mesma coisa. Prabens e um beijo do seu tio querido, Beco de Oxóssi.
Lucilia
ResponderExcluirAqui vai uma sugestao...
O trabalho com tintas (a base de agua) em cartolinas...
bjao
Sidney