Foto Henrique Karan
A Laura Sokolowski fez um bonito texto sobre a importancia do "bate a cabeça", publicado em seu blog bloguinho sobre os pontos cantados. Adiante vai o escrito: ""Bate a cabeça, filho de Umbanda
Bate a cabeça, filho de fé"
Bater a cabeça... Quem não é Umbandista, sei que não entende ao certo o que significa esta expressão... Mas sei também que, por vezes, mesmo nós umbandistas não compreendemos por completo a abrangência deste simbólico gesto / ritual, em que todos os médiuns se abaixam e encostam suas testas no chão do Terreiro...
Quando eu ainda estava na Assistência (ou seja, antes de "vestir o branco" e entrar para a Corrente de médiuns), achava muito bonito este momento... Quando entrei na Gira, lembro da sensação de "bater a cabeça" pela primeira vez... Um orgulhozinho de estar finalmente podendo fazer aquilo também...
Mas, devo confessar que por muito tempo fiz o gesto sem procurar entendê-lo... Até que um dia me peguei pensando... Mas por quê bater a cabeça? Que significados isso carrega?Bom, primeiramente, é uma demonstração clara de devoção à religião escolhida. Os católicos fazem o sinal da cruz e se ajoelham ao entrar na igreja. Os budistas, fazem três "prostações" completas ao adentrar no Centro / Templo. Os muçulmanos, os judeus, os evangélicos, todos temos nossos rituais de devoção.
Mas, juntamente com essa devoção, o "bater a cabeça" traz o respeito e a confiança, traz a entrega total aos trabalhos que vão se desenvolver. Explico: "num belo dia", tive um insight: ao invés de, naqueles momentos em que ficamos abaixados com a testa no chão, ficar entoando o ponto, comecei a explicitar, mentalmente, o que eu estava sentindo ao fazer aquilo, dizendo, mentalmente:
"Eu bato a cabeça. Eu bato a cabeça para a Umbanda. Eu bato a cabeça para o Terreiro do Pai Maneco. Eu bato a cabeça para a Corrente do Seu Akuan. Eu bato a cabeça para o Pai Fernando. Eu bato a cabeça para o Pai Bitty de Ogum. Eu bato a cabeça para esta Gira. Eu bato a cabeça para esta Hierarquia. Eu bato a cabeça para esta Curimba. Eu bato a cabeça para essa Corrente. Eu bato a cabeça para esta assistência..."
Pronto, termina o ponto, nós nos levantamos... E minha fé, minha entrega e minha dedicação aos trabalhos estão fortalecidas... Acabei de mais uma vez selar um compromisso, compreendendo que estou ali por livre e espontânea vontade, que fui eu quem escolheu aquela Gira, naquele Terreiro, e que devo a todos respeitar - pois a todos "bati a cabeça".
Saravá. "
Assinar:
Postar comentários (Atom)
mt bonito msm o texto...
ResponderExcluireu qnd bato a cabeça, faço quase uma preçe, nesse momento penso no terreiro como um todo, nos trabalhos da noite, e nos guias q trabalham comigo, e a eles em especial digo, "ainda q eu me sinta insegura, ou tenha algum medo, nesse momento estou me entregando, estou batendo minha cabeça, estou aqui para trabalhar, por que quero estar aqui", e ainda peço proteção para os trabalhos...e quase sempre acaba o ponto e ainda estou com a testa no chão...
me sinto ao mesmo tempo me entregando e louvando...
e para mim é um dos momentos mais importantes da gira, e faço com mt orgulho...
Isamara
É tão comum essa dúvida do porque bater a cabeça... e pior é que cada um tem uma interpretação diferente.
ResponderExcluirCerta vez haviam pedido pra uma pessoa da assitência, depois de ter sentido vibração, bater a cabeça. Dado o intervalo, essa pessoa veio me perguntar "por que é que ela tinha que bater cabeça? pra que servia aquilo?"
Claro que fiz AQUELA BAITA cara de interrogação. Foi quando me dei conta que nunca tinha parado pra pensar o porque do bate cabeça.
Depois de pensar por uns instantes, só o que pude responder pra ela era que o bate cabeça, pra mim, era como um sinal de respeito pela entidade/espírito que a tranmitiu aquela vibração... mas, alertei que haviam outras interpretações pra isso. Nisso, fiquei na dúvida.
>Existe outro motivo ou interpretação pro bate cabeça??
>Por que não se deve bater a cabeça diretamente no chão do Terreiro? (daí, usar o pano de bate cabeça ou, no caso das mulheres, a barra da saia)
Certo dia o Rafael, um amigão da corrente,veio bater cabeça pro caboclo de Beira Mar que trabalha comigo.Ele prontamente bateu a cabeça em retribuição.O Rafael achou estranho, no fundo eu achei também, mas eu expliquei que ele é assim. Mais tarde seo Beira Mar me explicou que deveríamos sempre saudar o que é de sagrado em nosso próximo e que todos somos iguais, entidades e os seres vivos neste plano em essência divina. Eu pessoalmente gosto muito de bater cabeça e fazer meus agradecimentos na hora do ponto dos eres.Agradeço neste momento tudo o que eles me trazem e saudo a presença deles ali, por nos envolver nesta energia de tão grande que é o amor das crianças. Eu ainda bateria a cabeça pras pessoas que vão ao terreiro e participam da corrente, sem ter condições de estar ali. Falo de pessoas que conheço que trabalham na difícil tarefa de empregadas domésticas, de pessoas que estão desempregadas e de pessoas que mesmo sem condições financeiras não desistem de praticar a fé e o fazem com uma alegria profunda, se sentindo recompensados simplesmente por conseguirem estar ali. Estas pessoas na maioria das vezes não são notadas, mas talvez delas venha a maior energia da corrente: a da fé incondicional.
ResponderExcluirLaura conseguiu colocar em palavras (em belas palavras!), o sentimento que nos toma e que nos une, enquanto umbandistas: O da entrega total e irrestrita.
ResponderExcluirEstamos todos la na corrente dizendo atraves deste gesto, às entidades: pertencemos a vocês, estamos entregues, faça-nos instrumentos de vosso amor.
Parabenizo à Laura por se permitir tanta sensibilidade e liberdade à sua intuiçao, pois conseguiu captar a ideia e escrever um lindo texto!