domingo, 29 de março de 2009

REFLEXÃO

Em fase de arrumação caseira, mexendo nos papéis cuidadosamente guardados, o suficiente para serem redescobertos nesses momentos de limpeza, encontrei um deles que me fez renascer o orgulho daquele que em espírito me disse: “o maior prazer para um pai é poder chamar seu filho de irmão”. O jornalista Acir Guimarães,meu pai carnal, em sua coluna especial como Diretor da Gazeta do Povo, em 1945, escreveu:
“PENSO, LOGO...
Os elogios que estão desabando sobre a minha cabeça já teriam confundido a minha modéstia, não tivesse eu o habito de andar com os meus últimos cabelos à mostra, afrontando as intempéries, garoas e geadas dos cruentos invernos curitibanos. Quem vem para a luta deve esperar as situações difíceis dos revezes e contar com as contingências da vitória. Eu sempre aceito as glórias e os benefícios na certeza de arcar com os ônus. Recebo os aplausos dos meus colegas, com especial agrado os de “O Dia”, e me confesso devedor por tanta e espontânea gentileza, mas, creiam os meus amigos na minha sinceridade, eu não gosto dos aplausos. Por calculo, talvez; pelo frio raciocínio de quem já viveu a vida na intensidade da sua luta interior, assistindo as batalhas de todas as horas, de todos os minutos, de todos os momentos, da sobrevivência. Ninguém vence sem competição e sem derrota de outrem; ninguém sobe sem deixar outros abaixo; ninguém recebe aplausos sem o desprestigio de vaidades alheias e sem o rancor de veleidades insatisfeitas.
Nunca me acovardei, mas prudência e caldo de galinha...
É assim que, quando me aplaudem, curvo a cabeça pára agradecer e para me livrar de alguma pedrada certeira.
A glória embriaga e no fundo da sua taça há o desencanto dos fatos consumados que passam para as recordações e para as saudades.
A glória é um epitáfio. O herói revelado é um cadáver. A imortalidade é parada. Estatela-se fria e imóvel nos mármores.
Eu amo a vida, a luta, o movimento e a luz. Não quero aplausos, não quero glórias, não sou herói. Acir Guimarães”.

2 comentários:

  1. Sou filha de Iansã com Xangô. Tenho um orgulho tremendo disto. E tenho ogum bem pertinho de mim. Então eu sou, por natureza batalhadora.Batalho pra manter a minha cabeça integra. Batalho pra aprender. Estou cheia de cicatrizes porque fiz julgamentos errados, e elas continuam aqui para me lembrar pelo meu caminho o que fazer e o que não fazer.Neste texto foram dois trechos que me marcaram muito,me fazendo refletir, pela fase que estou passando:"Ninguém vence sem competição e sem derrota de outrem; ninguém sobe sem deixar outros abaixo; ninguém recebe aplausos sem o desprestigio de vaidades alheias e sem o rancor de veleidades insatisfeitas." E outra que julgo ser o reflexo do meu ser:"Eu amo a vida, a luta, o movimento e a luz. Não quero aplausos, não quero glórias, não sou herói."
    Tudo advém do entendimento. Feliz o ser humano cujos pais deixam ensinamentos.Feliz do médium que o pai(ou mãe) de santo o faz refletir sobre sua propria existência. Porque no fim de tudo gente, só nos resta na alma o entendimento da existência e a contemplação do divino. E eu que questionei se somos ou não cristãos, venho agora dizer, que por este texto e pela foto do márcio com seu filho no colo, repensemos nossa posição como umbandistas, de uma forma clara, e amemo-nos uns aos outros com nossos erros e acertos,glórias e fracassos e não deixemos de dar sempre um abraço fraterno em nossos companheiros de gira e de vida. Se temos que deixar uma mensagem para nossos filhos, de sangue ou não, que seja de que a vida não é fácil, nem os relacionamentos sejam eles quais forem, mas que o amor tem sempre que prevalecer e este não morrerá nunca. Saravá Acir Guimarães! Saravá Márcio!

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  2. Como diz o ditado: "filho de peixe..."
    Sarava a sr Acir Guimaraes, que soube formar seus filhos, homens de bem !
    Se nunca se orgulhou dos louros e aplausos, pode no entanto se orgulhar dos filhos que deixou na terra!

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